Ontem publicamos a lista de iDevices que vão ser compatíveis com as novas funcionalidades do iOS 6. Coisas como o Flyover e indicações curva-a-curva só vão estar disponíveis no iPhone 4S e iPad 2 ou superior. Mais, o FaceTime por 3G só vai estar disponível para os utilizadores do iPhone 4S e novo iPad. A Apple, e mais propriamente Tim Cook, pode estar aqui a comprar a primeira guerra com os milhões de utilizadores do iOS, que veem os seus iDevices serem atualizados, mas sem receber maior parte das vantagens.

Na abertura do WWDC Tim Cook dizia-se muito orgulhoso de que o iOS 5 estaria instalado em mais de 60% dos iDevices, enquanto a última versão do Android não chegava aos 20% de todos os dispositivos com Android. A verdade é que com o iOS 6, e apesar de os iDevices estarem com o mais recente sistema operativo móvel da Apple, não vão ter grande parte das suas funcionalidades. E assim, qual a vantagem?
O iPhone 3Gs, iPhone 4 e iPad 2 são ainda vendidos, e bem vendidos, tanto na Apple online, como nas lojas a retalho. E se a Apple retira a estes dispositivos grande parte das funcionalidades do iOS 6, porquê suportá-los? Não estará a Apple a caminhar para a fragmentação do iOS? Pode mesmo chegar o dia, a continuar assim, em que as próprias aplicações nativas do iOS sejam compatíveis apenas com os modelos mais recentes de iDevices, e aí estes problemas vão-se arrastar (mais ainda!) aos developers da App Store.
Tim Cook corre o risco de confundir os utilizadores do iOS da mesma maneira que o Android confunde os seus. Ou seja, o hardware está à venda mas quando chegamos a casa verificamos que muitas das coisas não são compatíveis. Mas vamos analisar o porque é que algumas funcionalidades não chegam a todos os iDevices.
Faz sentido que as indicações curva-a-curva do iOS 6 não cheguem ao iPhone 3Gs. É preciso muito poder de processamento, coisa que o 3Gs infelizmente já não tem. Mas o facto de não estar disponível para o iPhone 4 é muito intrigante, porque não é por falta de capacidade de certeza. Já foi mau quando o iPhone 4 não recebeu o Siri e muito menos a opção do Ditado, uma coisa que todos os dispositivos com Android têm. Negar então a chegada do curva-a-curva ao iPhone 4 significa uma coisa só: que é forçar o utilizador a adquirir um novo iDevice. Muitos podem argumentar que o iPhone 4 é um dispositivo já com 2 anos. E então? Continua a ser válido, e tem capacidade de processamento para todas essas tarefas. Aliás em Outubro de 2011 saiu um iPhone 4 novo, o de 8GB. Vão haver utilizadores com um iPhone 4 de 8 meses que vão-se ver sem várias novidades do iOS 6.
Mais, outras aplicações com indicações curva-a-curva como a TomTom têm algumas animações em 3D e estão na App Store desde o iPhone 3G. Portanto o iPhone 4 tem mais do que capacidade para os mapas do iOS 6, e provavelmente o jailbreak vai provar isso mesmo. Já para não falar de o FaceTime via 3G ir só para o iPhone 4S e novo iPad. O Skype funciona com qualquer iPhone desde o 3G. Qual é o sentido de a Apple impedir que o FaceTime por 3G chegue ao iPhone 3GS e 4, tal como ao iPad 1 e 2? O sentido só pode ser um também: obrigar o utilizador a comprar um novo iPhone ou iPad, porque de certeza que não é por falta de capacidades que os outros iDevices não ganham esta funcionalidade.
A solução passa por: ou a Apple deixar de suportar os iPhones mais antigos, o que acho que seria pior, já que estaria a abandonar iPhones de 2 em 2 anos; Passar a oferecer todas as funcionalidades aos iDevices que ainda se encontram no mercado, e no caso de não colocar as funcionalidades em todos, justificar porque o faz; ou simplesmente descontinuar os dispositivos mais antigos como o iPhone 3Gs e iPad 1.
Esperemos que o bom senso impere. E que na lista absurda dada pela Apple sejam feitas algumas alterações, embora como dissemos ontem, seja altamente improvável.
(Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
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